A filosofia platônica influenciou autores cristãos como Mário Vitorino, Ambrósio, Agostinho e Boécio. Agostinho (354-430 d.C) não é apenas o pai da igreja latino mais importante. Procurou-se ver na sua obra também o início propriamente dito de uma filosofia romana própria. No seu empenho em vincular revelação cristã e filosofia, sim, em evidenciar o cristianismo como verdadeira filosofia, Agostinho acolheu elementos importantes sobretudo na filosofia neoplatônica. Um fundamento certamente é a diferenciação platônica entre um mundo espiritual/intelectual e um mundo sensível que pode ser entendido como imagem do espiritual/intelectual e, assim, ajuda a superar a orientação do imanente, por exemplo, do estoicismo. Em todo caso, o conhecimento do platonismo representa um passo importante no caminho de Agostinho para a conversão definitiva ao cristianismo.
Pode parecer estranha a intérpretes modernos sua atitude de falar de "filosofia cristã", mas aceitar também que a autoridade de personalidades docentes ou de textos possa ser um esteio argumentativo. Agostinho tampouco nega que possam surgir tensões entre o pensamento racional e o autoritário. Entretanto, para ele isso não se aplica relativamente à autoridade divina, na forma como ela se manifesta na Escritura Sagrada. Quanto ao contexto histórico, esse procedimento encaixa-se na práxis filosófica do helenismo e do período imperial. Agostinho aceita a autoridade como complementar à argumentação racional. Ele recorre, pelo visto, ao conceito da auctoritas, tradicional para o pensamento romano, e o transpõe para a Sagrada Escritura e para Deus. Na sua tentativa de vincular "tradição e inovação", ele quer demonstrar que o pensamento cristão é superior. Isto, no entanto, deve ocorrer em termos de uma "consumação racional", não de uma "suplantação irracional" da filosofia pagã, como pode ser demonstrado em concepções centrais como o conceito da vontade, a filosofia do Estado ou a ética. Como em geral para o neoplatonismo, também para Agostinho o aspecto soteriológico é uma preocupação central. Na sua opinião, a salvação do ser humano só pode ser respondida em vista da sua alma e de Deus. Agostinho está convicto de que seu coração só encontrará paz quando repousar em Deus (Conf 1,1,1).
Boécio (480-524 d.C.) é, depois de Agostinho, o segundo filósofo importante de língua latina. Ele se sente comprometido, numa época de paz e florescimento da vida eclesial e cultural sob Teoderico (493 - 526 d.C.), com a tradição antiga e sua transmissão. Teoderico louvava Boécio por este ter "levado a toda romana para os guarda-roupas gregos" e tomado providências para que a "teoria grega se tornasse ensino romano". De fato, ele considera meritório instruir os seus concidadãos na ciência e filosofia gregas, pois, na sua opinião, o ocidente latino continuava carecendo da possibilidade de um estudo intensivo da filosofia. Ele buscava suprir esse desiderato por meio de traduções e comentários. Também Boécio vê na filosofia grega um complemento, não uma concorrência para a doutrina cristã. Indo além da mera transmissão do ensino grego, Boécio deu continuidade com a Consolatio Philosophiae, à tradição de autores romanos como Sêneca ou Marco Aurélio de, mediante a forma literária, aplicar na prática a teoria filosófica. O objetivo não é o esclarecimento e a arte de viver no imanente, mas a conversão da alma e o seu retorno ao âmbito do verdadeiro ser. Em relação à Consolatio Philosophiae vale o que também pode ser constatado em Sêneca ou Marco Aurélio: a filosofia não é apenas exposta, e, sim, o texto chama para uma leitura que vista desencadear no leitor um efeito terapêutico. Como romano, Boécio confia na antiga tradição dos "costumes"; como filósofo, na tradição platônica; como cristão, na verdade da Bíblia.